terça-feira, 19 de abril de 2011

Enchente do rio Acre


















Chuvas nas nascentes. O rio encheu. E as gentes viventes nas margens – um desespero, a água entrou na casa. Corre! Pede socorro! Bombeiros! Ajudem!
As gentes improvisam, usam a caixa d’água como travessia.
A mulherzinha! Em desespero “[...] agora vou perder tudo de novo, porque tá tudo debaixo d’água [...] porque não estão tirando agente” (fonte: Agazeta.net)
A criançada brincando na água.
Cuidado!
Quem não pode transportar todas as suas coisas, fica apreensivo – com os chamados “ratos d’água”, são ladrões que se aproveitam para furtar.
Triste! Situação.
O pátio do Parque de Exposição abriga a maior parte dos desabrigados, da enchente do rio Acre.
Prefeitura e governo lançam campanha











Veja o vídeo - clique aqui

*Segundo o site Agazeta.net - o rio Acre já dá sinais de vazante.


Por Luciane Morais

sábado, 16 de abril de 2011

Do mato – A cidade



















Botecos
Botequins
Caipirinha
Eu me embriagava
nas águas de cana
Tudo por causa dela:
A deusa dos cafezais
A deusa dos canaviais
A deusa do lar
Suas mãos sujas,
comidas pelo trabalho
O suor a escorrer
no teu rosto
Sem marido -
cuida dos filhos
Nessa cidade -
sem pão;
sem colchão
Eu, menino
Pião
Ajudante de pedreiro
Seringueiro
enamorava as tuas mãos molhadas,
quando as lavavas
naquele chafariz,
no centro da cidade
***
Me doía
Deusa, me doía
Aquele vagabundo
que te batia
No abri a porta -
a lágrima caía
E tu choravas,
em teu quarto,
negro e pálido
***
Rapazinho, já
Não sei quem é meu pai!
Sou filho de muitos homens
Sou filho da prostituta dos seringais
Talvez,
meu pai
seja um homem descorado
Acabado! Pelo leite da seringa
Pés cansados,
embrenhando aqueles varadouros,
pelo não sem FIM
Pode ser –
que meu pai
seja,
O caboquinho
Ou aquele esbugalhado olho
do Mapinguari
tenha gerado-me
Nessas matas
de cobras
Nessa terra
Molhada,
grávida
de lendas
Fantasma de homem!
na solidão
Desse pedaço
de chão
O “Inferno Verde”
de Rangel
“Paraíso perdido”
de Euclides
Dos navegantes
Dos coronéis
Dos homens
vingados
pelo Judas-Ahsverus
Pobre! Dos meus antepassados
não poderão escolher:
O campo
ou a cidade.

Por Luciane Morais
E-mail: olharacreano@gmail.com