Mostrando postagens com marcador Conto. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Conto. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Subindo o rio Embira


















Foto: Ségio Vale. Retirada do blog/Edvaldo Magalhães



SUBINDO O RIO EMBIRA/FÉIJO/AC


5 horas da manhã, arruma as coisas: roupa, comida. Na canoa, põe um agasalho, liga o moto e vamos subir o rio Embira de Féijo ao Seringal Riachuelo. Olho pra trás - ficam as ruas, bicicletas, pessoas comprando o pão na padaria, luz da cidade, até outro dia.
Do lado esquerdo do rio, um banco de areia, acima o campo com cabeças de gados nelores e búfalos. O vento que bate gelado, estamos indo pra casa, um dia e meio de viagem.
As margens do rio, casas de caboclos, são iguais a nós apenas exagerados na vestimenta, cores diversas, tons vermelho colorau no rosto, brincos, muitas pulseiras no braço.
A cidade vai ficando pra trás - é bonito de se ver.
O barulho das águas, lentamnete as árvores vão passando, a garça que voa, plantio de melancia e feijão na praia. Bem! que deveriamos parar e levar algumas, mas não dá pois, tem dono.
Uma casa em terreno de declive alto, o terreiro com panpolas e rosas, as crianças mal vestidas e suja e o cachorro vira-lata, correm para ver o barco passar, que lentamente força as águas que deslizam em sentido contrário.
Hoje é um daqueles dias, que o sol levanta cedo e põe seu brilho pra raiar, o ceú com poucas nuvens da sentido de não chover. Bem! melhor assim, pingos de chuva, correr o risco de nos molharmos, mesmo estando coberto de lona.
Galhos de árvores as margens do rio, um tracajá descansa tomando sol, as mulheres lavando roupa e a louça do café da manhã; leite tirado da vaca que estava no curau enlaçada; macaxeira cozida, a banana, a farofa de carne. Depois, de comer a mulher pega as roupas e vai a cacimba ou ao rio; o homem sai pra pescar no lago. É a vida do ribeirinho, na santa paz de cada novo dia, que acordam ao cantar do galo, vai pra roçar plantar milho, colher arroz. E quando não farinha no camburão, junta família toda a colher mandioca, descasca, põe pra moer e leva a massa ao forno. As crianças ficam felizes com o "beijuzinho de coco".
Agora, estamos passando pelo campo verde, largo com três árvores solitárias, o gado a pastar. O barranco muito alto, de cima desce água construindo um filete. A mata fechada, galhos de árvores com folhas largas que beijão o rio.

E assim a canoa vai subindo o rio...



Autora: Luciane Moraes


















Foto: Lenilda Vieira, Agosto de 2009

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Um anjo com olhos de gato


Foto: google imagens

-->
Esmeralda acordava todas as noites assustada – ao sentir uma mão suave toca seus cabelos. Ela abria os olhos e via um jovem com cabelo encaracolado (loiro), alto; magro; com um sorriso divertido (como no filme “Amadeus” que Esmerada comprou no site da Livraria Cultura) o jovem tinha o sorriso de Mozart e os olhos (azuis) de gato. Esmeralda olhava pra ele e tentava se aproximar, mas não conseguia – a imagem do jovem com olho de gato sumia. Esmeralda questionava:
- O que está acontecendo comigo? Por que ele não deixa, eu chegar perto? Ele não é uma imagem virtual. Eu sei que não é! Não estou sonhando! Ele é real.
Numa noite de sábado – algumas estrelas no céu; a lua clareava forte. Esmeralda com uma camisola de seda. 2 horas da noite marcava o relógio na parede do quarto. Esmeralda dormia como um anjo.
Abre a janela, passos leves no chão – o jovem com olho de gato se aproxima, senta na cama ao lado de Esmeralda e faz um carinho no rosto dela. Esta acorda e pela primeira vez o “Olho de gato” fala:
- Oi!
Esmeralda não ficou assustada, seus olhos brilhavam – o seu coração dizia que ele era um anjo descido do céu. O jovem com o Olho de gato abraça Esmeralda. E os dois ficam ali abraçados. Eu não sei por quanto tempo, mas foi um longo abraço.


Autora: Luciane Moraes

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

LAGOA SERENA


Foto: google imagens
Sentada nos degraus de uma casa da vila velha em Bocaiúva. Estava ali com minhas pernas cansadas, o corpo molhado de suor, um calor agonizante.
O vento soprar, e um papel conduzido por ele para em minhas mãos. Uma letra meio apagada, mais consegui entender o que estava escrito: “Quem ler estas palavras encontrará o seu amor que é o encontra a riqueza; Meu amor me encontrarás no por do sol, na escuridão da noite, na lagoa serena dos teus sonhos”.
Fiquei ali pensando, O meu amor, quem será o meu amor? O pensamento estava a mil por hora, sentada ali no degrau de madeira. Nos pés chinelo preto com tiras de pano, vestida com uma calça comprida velha de uso - assim parecia, uma camiseta colorida de remendos e uma mochila vermelha de tecido de lona nas costas, meus cabelos lisos nos ombros queimados do sol.
Olhando as crianças brincando na rua, as horas iam se passando, quando percebo o tempo, já é noite, tão sozinha, sem destino, aquela não era minha cidade, as pessoas aqui são felizes mesmo morando em uma favela pobre, sorriam e em seus olhos tem o brilho da esperança.
Uma pequena lembrança veio à mente, eu podia voar, mas como? Cadê as minhas asas, imaginei, pensei... e repensei, consegui lembra as minhas asas tinha sido arrancada por uma bruxa má e ela mandou as asas para a lagoa serena do pôr-do-sol e da escuridão, o meu amor estava lá e a riqueza também. Mas como chegar lá? Eu estava perdida a cinco anos, com pouca memória do passado. Meus olhos estavam pesados e ali nos degraus adormeci.
Nos sonhos, viajei por alguns pesadelos, tantos obstáculos a vencer, o último não foi fácil, era uma ponte de espinhos, tinha que atravessá-la sem que um espinho me espetasse, se algum deles me fizesse derma uma gota de sangue, ficaria pressa em meus próprios sonhos, dormindo pelo resto da minha vida. Faltavam cinco minutos para o dia amanhasse, tinha que cruza o outro lado da ponte, começava a contagem: 5 4 3 se aproxima a derrota ou a vitória 2 atravessei 1 dei um pulo e o dia amanheceu em Lagoa Serena. Eu venci, encontrei o meu amor, as minhas asas voltaram para mim e a minha riqueza era um cavalo branco-dourado que se chamava felicidade.
A Lagoa Serena é um paraíso, aonde não existe guerra nem violência, nem fome, lá o mal não existe.
Existe o bem, o amor, a paz e a felicidade.


Por Luciane Moraes